domingo, 29 de março de 2009

MINHA INFÂNCIA...CONTINUAÇÃO

Nessa época a minha irmã Sueli tinha ido morar em Curitiba..trabalhar de doméstica pra uma prima.Minha irmã Lurdes era casada e sempre que ia nos visitar perguntava...ela bateu em vocês?mas não podíamos falar ...porque apanhávamos de novo quando ela fosse embora.

Meu pai era agricultor,plantava arroz,tinha também um secador e descascador,enfim...vendia já pronto para panela...e o arroz era seco sempre no mês de Fevereiro....muito calor mas, eu e meu irmão Osnir(8 e 9 anos)tínhamos que trabalhar....ficávamos com um carrinho de mão na frente de um funil de onde caia o arroz que vinha do forno..tinha que ser tudo muito rápido caso contrário acumulava muito e ficava impossível manobrar o carrinho....lembro que um dia quando terminamos fomos almoçar e meu irmão Jango estava já na mesa ...ai só tinha dois pedaços de carne,uma das filhas dela pegou um e meu irmão reclamou..."e meus irmãos vão comer o que?..."a madrasta respondeu...se quiserem vão fazer...meu irmão ficou bravo e começaram a discutir...ela jogou uma cadeira nele....e no final....ela mandou eu ir até a vizinha e chamar a policia pra prender meu irmão porque ela infernizou tanto ele que acabou pegando no pescoço dela e quase que acontece uma desgraça...ai fui bem devagarinho pra poder dar tempo do meu irmão ir embora...quando cheguei na vizinha,chorando contei a ela e pedi pra não chamar a policia pois meu irmão só estava defendendo nós,a vizinha falou pra não me preocupar que não ia fazer nada,voltando pra casa ,no caminho encontrei meu irmão que estava indo embora só com umas roupinhas debaixo do braço....mais um que estava saindo de casa por causa dela.Chorei muito pois gostava muito daquele irmão e nos sentíamos seguros quando ele estava por perto....sempre nos protegendo.Mas não teve jeito...ficamos só eu e o Osnir morando com ela...sempre que podia ..ela inventava muitas mentiras pro meu pai bater na gente...principalmente,Osnir.....apanhou muito...e quase sempre injustamente.....trabalhávamos muito carpindo roças de milho..no sol..chuva...e frio...e cortando espigas quando era época de colheita.....aliás lembro de um dia quando ia cortar uma espiga ....uma "pereréca" verde grudou na minha mão...fiquei apavorada e sai gritando pela roça de milho...ela não saía...e meu irmão ria muito de mim...mas isso me causou pânico...até hoje tenho pavor de "pererécas";tratando porco,cortando "trato" para as vacas... quando íamos pra escola ...ele jogava bolinha de good e eu queria jogar também...pois ele era a única companhia que tinha...mas ficava bravo comigo e dizia que aquela brincadeira não era de menina...ai eu chorava e ele me batia,mas sei que era pro meu bem.Na escola eu tinha um amiguinho que era negro...lembro que ele sempre levava um sanduiche de pão caseiro, de trigo...parecia uma delicia...então as vezes quando achávamos ninhos de galinha...cozinhávamos ovos pra levar pra escola e trocar por aquele sanduiche do menino heheh...um dia minha madrasta levantou antes de sairmos de casa...viu os ovos na chaleira...jogou fora e ainda bateu em mim....aliás muitas vezes não conseguia entender porque estava apanhando.
Quando minhas tias de Curitiba iam nos visitar ...ela tratava a gente com carinho para as minhas tias acharem que era boa pra nós...mas qualquer coisa que fazíamos...quando as tias iam embora ...era uma surra na certa....mas meu pai não sabia pois trabalhava em outro sítio...longe dali.Quando meu pai chegava não podíamos nem olhar pra ele .....porque quando ele saia era outra surra na certa.Bom..fiquei morando com ela até os meus onze anos...ai fui pra Curitiba morar com minha madrinha que era costureira.... minha prima....enquanto elas assistiam a novela eu xuleava (coser a orla de um tecido para não desfiar)as roupas na máquina de costura....adorava.Pra ir para escola andava a pé pelo menos uns oito quilômetros....mas foi uma época boa...minha prima,Maria era muito querida...até ganhava presente de aniversário e bolo.Mas nunca tive amigas...pois sempre tinha que trabalhar.Lembro que tinha um quartinho no fundo da garagem...um dia arrumei uma mesinha e fiz o meu canto de estudo...aliás em todo lugar que morei desde então...sempre dava um jeitinho de ter meu cantinho pra estudar....mesmo que não estudasse muito...mas tinha que ter...tipo...pelo menos aquele canto era meu.

quinta-feira, 5 de março de 2009

MINHA INFÂNCIA

Depois de morar com minha avó...tias....finalmente meu pai comprou um sitio em Guamiranga onde fomos morar...minha tia Ana(irmã do meu pai) morava em uma casa ao lado e cuidava de seus cinco filhos e mais os oito do meu pai...lembro de poucas coisas dessa época mas principalmente de muita alegria....brincadeiras com meus irmãos e primos...e de um pão de trigo que minha tia fazia,muito gostoso...ah também lembro de trovoadas , chuva de pedra e enchentes que me provocavam pânico..até hoje... mas mesmo assim foi uma época feliz....
ATÉ O DIA EM QUE MEU PAI RESOLVEU LEVAR A MADRASTA PARA NOSSA CASA,
ai sim começaram nossos sofrimentos...me lembro que um dia ela me deu uma surra de cinta que ficaram as marcas e saía sangue,ai ela me deu um banho de agua salgada e me colocou dormir....mas também teve outro dia que ela puxou tanto minha orelha que chegou a rasgar..e outro quando ela bateu na minha cabeça com um pedaço de madeira que usava pra fazer fogo no forno de assar pão....e muitas torturas ....e assim foram os anos que moramos com ela....até minha irmã mais velha Lurdes voltar de Curitiba ,onde estudava em um colégio interno...pra cuidar de nós porque o irmão da madrasta...quando ela rasgou minha orelha...chamou a policia pra prende-la ai meu pai a levou para outra cidade.Desse dia até minha irmã casar foi muito tranquila nossa vida...ela era muito querida...nunca brigava ...nunca dava castigo...nunca batia....a única coisa que não gostávamos era quando tínhamos que tomar remédio,no mais foram pelo menos quatro anos felizes...até o dia do casamento dela....choramos muito ...me escondi debaixo do vestido de noiva dela...não queria ir com meu pai pois sabia que teria que enfrentar a madrasta novamente...ai meu pai penalizado me deixou ficar morando com eles pelo menos mais um ano...MAIS UM ANO DE FELICIDADES...mas infelizmente o inevitável aconteceu...tive que voltar a morar com a megera.....não batia mais em mim...mas na minha irmã Sueli sim...e dizia para ela não chorar ..eu indignada dizia ...chora sua boba...mas ela era da paz e não chorava... ela sempre inventava mentiras para que meu pai batesse no meu irmão Osnir, um ano mais velho que eu....que apanhou muito,injustamente...as vezes ele se escondia pra não ser pego então eu levava comida e agua no esconderijo...nunca tinhamos aniversário...bolo..ou presente...lembro quando fiz dez anos...meu pai chegou em casa então esperei ele do lado de fora da casa e quando passou por mim disse...pai...hoje é meu aniversário...e ele continuou andando e sem olhar pra mim disse...é parabéns....eu chorei muito...pois o mínimo que eu queria era um abraço ou um beijo...mas nunca aconteceu......bom a madrasta consegui destruir nossa família....tirar todos meus irmãos de casa...um por um...sempre com maldades.

Meu pai era considerado rico na cidade mas eu e meus irmãos íamos pra aula descalço tanto no inverno como no verão...e nosso casaco no inverno era uma blusinha de pelúcia e sem botão na frente...mas as filhas dela sempre com jaquetas e sapatos de verniz ....sapato para nós era um por ano,não importava se ficasse apertado tinha que usar...era só pra ir na missa aos domingos...que também era uma tortura para nós porque quando terminava ...meu pai sempre ia em uma "venda" (tipo lanchonete)que tinha na frente da igreja ...tomar uma cerveja com algum conhecidos e lá tinha sorvete,muitas crianças tomando e nós só olhando morrendo de vontade e meu pai com dinheiro no bolso...mas nós sempre passando vontade de tudo.......CONTINUA